sábado, 23 de agosto de 2014

1) A moça e o cachorro



Estou eu sentada em um banco na praça da Matriz. Em meu colo há meu pequeno caderno, onde todos os meus sonhos e desejos estão anotados. Estou ouvindo um bom rock, observando as pessoas andarem para lá e para cá, como se fossem formigas que carregam seus mantimentos para um grande formigueiro. Também estou sendo observada, o que me incomoda um pouco, já que sou tímida.

O dia está lindo, o sol está brilhando tivesse acabado de ser limpo, as árvores balançam e uma brisa bate em meu rosto. Pipoqueiros vendem suas pipocas, senhores leem o jornal do dia, senhoras fofocam sobre algo e adolescentes apaixonados se amam em um banco.

Observo tudo e acho um ponto para escrever. Um ponto não. Um cachorro. Um vira-latas, tamanho médio e meio amarelo. Ele anda de um lado a outro, com seu rabinho balançando no ar, igual a um garoto que brinca com o seu aviãozinho.

Ele entra na sorveteria. Tenho vontade de segui-lo para ver o que ele irá apronta lá dentro. Então eu imagino: talvez ele esteja rondando por lá com a expressão “me dá algo para comer”. Ou talvez esteja pedindo carinho para as crianças e elas o fazem mesmo com seus pais dizendo: “Esse cachorro deve estar cheio de doenças. Não o toque!”. Mas tenho certeza de que elas não ouvirão.

Eu o vejo saindo. Em sua boca há uma casquinha de sorvete, ela come velozmente, e se sente satisfeito.

O cachorro sobre no chafariz, passa a beber água, e como o chafariz estava ativado, pequenas gotas espirravam no cão, que lambia suas partes íntimas. Todos o observavam... um diziam que queriam levá-lo para casa, outros diziam o quanto ele era fofo.

Uma mulher com mais ou menos seus 20 anos, se aproxima do cachorro com um ar brincalhão, todos a observam com atenção, principalmente eu. Então ela o empurra para dentro do chafariz. Todos dão risadas. O cachorro leva um baita susto, parecia que ele tinha visto um fantasma.

Ele tenta, inutilmente, sair do chafariz. Tenta, tenta, tenta e, na quarta vez, consegue sair. Dispara em direção à rua. Eu o observo atentamente, torço para que nada aconteça àquele pobre animal. Nada acontece e suspiro aliviada.

Vejo minha mãe se aproximando, fecho meu caderno e vou em direção a ela, fico com aquela cena em minha cabeça, imaginando onde aquele cachorro estaria.


Rebeca Aparecida O. Camargo (9C)
Profª Cristiane Villanueva


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