Estou eu sentada em um banco na praça da Matriz. Em meu colo
há meu pequeno caderno, onde todos os meus sonhos e desejos estão anotados. Estou
ouvindo um bom rock, observando as pessoas andarem para lá e para cá, como se
fossem formigas que carregam seus mantimentos para um grande formigueiro. Também
estou sendo observada, o que me incomoda um pouco, já que sou tímida.
O dia está lindo, o sol está brilhando tivesse acabado de
ser limpo, as árvores balançam e uma brisa bate em meu rosto. Pipoqueiros vendem
suas pipocas, senhores leem o jornal do dia, senhoras fofocam sobre algo e
adolescentes apaixonados se amam em um banco.
Observo tudo e acho um ponto para escrever. Um ponto não. Um
cachorro. Um vira-latas, tamanho médio e meio amarelo. Ele anda de um lado a
outro, com seu rabinho balançando no ar, igual a um garoto que brinca com o seu
aviãozinho.
Ele entra na sorveteria. Tenho vontade de segui-lo para ver
o que ele irá apronta lá dentro. Então eu imagino: talvez ele esteja rondando
por lá com a expressão “me dá algo para comer”. Ou talvez esteja pedindo carinho
para as crianças e elas o fazem mesmo com seus pais dizendo: “Esse cachorro deve
estar cheio de doenças. Não o toque!”. Mas tenho certeza de que elas não ouvirão.
Eu o vejo saindo. Em sua boca há uma casquinha de sorvete,
ela come velozmente, e se sente satisfeito.
O cachorro sobre no chafariz, passa a beber água, e como o
chafariz estava ativado, pequenas gotas espirravam no cão, que lambia suas
partes íntimas. Todos o observavam... um diziam que queriam levá-lo para casa,
outros diziam o quanto ele era fofo.
Uma mulher com mais ou menos seus 20 anos, se aproxima do
cachorro com um ar brincalhão, todos a observam com atenção, principalmente eu.
Então ela o empurra para dentro do chafariz. Todos dão risadas. O cachorro leva
um baita susto, parecia que ele tinha visto um fantasma.
Ele tenta, inutilmente, sair do chafariz. Tenta, tenta,
tenta e, na quarta vez, consegue sair. Dispara em direção à rua. Eu o observo
atentamente, torço para que nada aconteça àquele pobre animal. Nada acontece e
suspiro aliviada.
Vejo minha mãe se aproximando, fecho meu caderno e vou em direção
a ela, fico com aquela cena em minha cabeça, imaginando onde aquele cachorro
estaria.
Rebeca Aparecida O. Camargo (9C)
Profª Cristiane Villanueva