quarta-feira, 5 de novembro de 2014

22) Memórias de Patrícia: a história de nossa gente

João Victor Lopes Rocha                7º C
Profª Amanda Giovanelli

Meu pai, Osvaldo Gomes, hoje com 53 anos, sempre foi um grande historiador, ou seria estoriador?
Não era desses grandes estudiosos, nem letrado, mas sabia como ninguém contar “causos”.
Seus causos nos mantinham acordados ao escurecer e nos faziam apreciar história antiga. A história de nossa gente! História de gente conhecida, do nosso próprio sangue.
Através destas histórias, muitas tinham papai como protagonista, aprendíamos sobre a época, as coisas, lugares e pessoas.
Osvaldinho foi criança nas cercanias de Gravatá, Pernambuco. Vivia na área rural, como muitos. Estudou até o 3º ano do grupo escolar, sempre com muita dificuldade.
“As aulas de antigamente eram dadas num balcão e o caderno era somente um monte de folhas grampeadas, só ia quem queria. Quem não queria estudar, nem dava as caras por ali, porque nem contavam as faltas.
A gente só tinha duas camisetas e duas calças para durar o ano inteiro. Chegava o calor, tomávamos banho e lavávamos a camiseta para poder usar no dia seguinte. Não havia máquina de lavar e sim um lago mais próximo; o sabão era feito de cinzas do fogão à lenha e soda.
Não existia encanamento, quer dizer, até existia, mas a água só vinha uma vez por semana. Para durar, enchíamos todos os galões e garrafas que tínhamos.
Quando meu avô matava frango, cortava o pescoço do bicho e espetava nele um palito com sabonete na ponta; em seguida, colocava um cigarro aceso na boca da ave e a colocava no meio da mesa, para que todo mundo ficasse com nojo de comer o frango assado, pois naquela época todo mundo era pão-duro.
Até existia posto telefônico, mas tínhamos que ir lá para poder telefonar. Mas nem tínhamos muito com quem falar, pois ter telefone era artigo de luxo.
O ferro de passar tinha uma abertura e era oco por dentro, a gente abria e colocava carvão em brasa dentro e soprava para o carvão queimar e o ferro ficar quente! Pesava uma tonelada!
As mochilas eram sacos de arroz costurados e remendados, os sacos de arroz eram grandes e de pano, bem diferente do que conhecemos hoje, não existiam sacos plásticos. Tinha gente que até fazia roupas de saco de arroz.
Antigamente, morávamos em casas de forro de madeira com paredes de barro, as janelas eram somente quatro pedaços de madeira sem trinco. As portas também.
Não era preciso muita tranca, pois não haviam tantos ladroes como hoje!
Não gostávamos do chão mal feito, de terra batida.
Uma coisa interessante é que não havia botijão de gás, a comida era feita no fogão à lenha. Isso diminuía o risco de explosão.
Não assistíamos novela, pois não tínhamos tevê, as coisas eram ouvidas no rádio de pilhas. Então, havia mais tempo para conversar e dormíamos com as galinhas, pois ao escurecer só o lampião oferecia-nos um feixe de luz mirrado.
O banheiro era um capítulo à parte! Não havia privada, íamos até o fundo do quintal, onde havia uma casinha de tábuas, dentro tinha uma fossa, fazíamos as necessidades e nos limpávamos com sabugo de milho ou folha de bananeira.
As crianças tinham suas diversões. Balançávamos em pneus velhos, suspensos por barras de ferro. Fazíamos brinquedos: bonecas de milho ou de estopa, que eram costuradas pelas mães, com cabelos de lã e olhos de botões. Os meninos confeccionavam carrinhos com caixas, carretéis de linha e tampinhas. Brincava-se de pião, pular corda, amarelinha, passa anel, cantigas de roda, bolinhas de gude...
Bons tempos de meninice! Crescíamos cedo, logo tínhamos que trabalhar para ajudar em casa, mas para as horas vagas sempre havia tempo para a brincadeira.”
Os tempos eram outros... Tudo sempre muda, moderniza-se... Mas guardamos na memória a história de nossa gente; é o que vale no final das contas, é o que nos faz entender quem somos, de onde viemos e a busca eterna de para onde vamos...


21) Meus quinze anos: quase o final de tudo

Maísa Cavalcante Sales          7º B
Profª Amanda Giovanelli

O ano de 1949 começou muito bem para Francisca Cavalcante. Era uma época em que se contentava com pouco. Uma simples festa de aniversário já era tudo! Ainda mais uma festa de 15 anos! Não era pouca coisa!
“Assim, no dia primeiro de janeiro de 1949, minha mãe, Antonia, presenteou-se com uma festa dos sonhos: eram meus 15 anos, tão sonhados, eu era uma mocinha!”
Nesta época morávamos em Tauá, uma cidadezinha do Ceará. Ainda não tinha muito desenvolvimento como hoje. Vivíamos num vilarejo comum, sem asfalto, rico em natureza.
Perto de casa passava um rio! Era a diversão da molecada! Nossa praia particular! Eu ia lá só para olhar, atirar pedrinhas no rio e me balançar nos balanços improvisados de pneus que eram pendurados nas árvores. Eu morria de medo do rio! Não sabia nadar! Nem molhava o dedinho do pé lá! Parece que aquela imensidão de água poderia me engolir a qualquer momento!
Enfim, o rio sempre tem um papel na nossa história, afinal, pois é cheio de vida, nos abastece!
As grandes civilizações sempre começaram às margens dos rios: Egito no rio Nilo. Roma no rio Tigre, e conosco não foi diferente.
Por que falar tanto do rio? Ele tem papel principal nesta história! Ele é o protagonista! Ou seria eu a protagonista e ele o antagonista?
O fato é que eu tinha duas melhores amigas: Elizabete e Bruna.
Quando contei a novidade para elas, Elizabete se alegrou e já começou a pensar no presente. Mas Bruna fez cara de quem comeu e não gostou. Acho que sentiu inveja, sei lá...
O dia tão esperado chegou! Logo pela manhã, mamãe se aplicava e virava em mil com os preparativos! Bruna me chamou e revelou: ‘Vamos Francisca, lá perto do rio comigo, quero dar seu presente adiantado!’
Eu tinha pavor daquele rio! Mas Bruna era minha amiga e eu confiava nela! Chegamos lá e ela me pediu para chegar bem perto e fechar os olhos, ao que obedeci prontamente!
O que Bruna fez comigo, vocês já devem imaginar... Jogou-me no rio! Quase morri, mais pelo susto do que pelo afogamento! Eu me debatia desesperada e a Bruna, ali, só me olhando, ela sabia nadar! Será que pensou que eu mentia que não sabia?!
Mas Deus estava comigo e um vizinho, vendo aquilo, mandou chamar o Corpo de Bombeiros, enquanto me tirava do rio.
Foi um corre, corre! Mas fui salva e estou aqui para contar a história.
Bruna? Ela não compareceu ao meu aniversário, pois estava de castigo, perdeu a maior festança!
Na juventude somos muito inconsequentes, achamos que nunca vamos morrer! Ainda não sei o que Bruna pensou... Mas, no dia seguinte, ela foi à minha casa se desculpar e me deu um lindo kit de maquiagem! Tive que perdoá-la!
Tirei uma lição para a minha vida desta história: os saberes são necessários, os medos têm de ser enfrentados! Devemos saber defender a nossa vida. Então, se me pedirem um conselho útil, eu digo: aprendam a nadar!


20) Casamento dos sonhos ou pesadelo?

Priscila Alves       nº 26           7ºB
Profª Amanda Giovanelli

Esta história é sobre Fernanda, nascida e criada no Rio de Janeiro. Fernanda era uma garota alegre e, como muitas moças à beira dos 20 anos, sonhava em se casar.
É claro que atualmente as moças já pensam em se casar mais à beira dos 30. Mas na década de 1970, a expectativa de vida e as ambições, no geral, eram outras. As moças desejavam encontrar logo um bom partido para se casarem e deixarem as casas dos pais, que muitas vezes estavam mais para prisões de segurança máxima! Os pais eram rígidos! Traziam as filhas com rédeas curtas.
A década de 1970 era cheia de cor e brilho! Usávamos cabelo Black Power, calças boca de sino, plataformas, muitas cores... era a época da discoteca, ou disco, como chamávamos.
A noite se iluminava pelas luzes e globos prateados e espelhados dentro das discos! A música era alegre, contagiante, impossível ficar parado! Usávamos, literalmente, plumas e paetês!
Ser um jovem bem sucedido era sinônimo de ter um Fusca envenenado!
Hoje, a moda é muito eclética, há muitos estilos! O Fusca já virou fusquinha, carro velho que pega no tranco.
Ser bem sucedido é mais complexo: precisa ter carrão, roupas, perfumes e sapatos importados, para dizer o mínimo.  
Pois bem, eis que nossa heroína seguiu o protocolo: enamorou-se de um bom moço trabalhador e iriam se casar no dia 27 de novembro de 1976.
Para Fernanda, era o dia mais feliz de sua vida! O momento mais esperado! Brilharia diante de todos no seu belo, branco e rendado vestido de noiva! Com tudo o que tinha direito: véu, grinalda, buquê...
Fernanda amanheceu feliz, colorida, radiante naquela bela manhã de sol! Parece que a vida lhe sorria afinal. Banhou-se, perfumou-se, preparou-se para o dia de sua estreia... olhou para o cabide pendurado na porta do guarda-roupas e lá estava ele, seu belo vestido! Parecia ter vida própria! Nem dormira direito de tanta ansiedade!
A mãe Maria, e a tia Lediany, ajudaram a menina, quase mulher, Fernanda, a vestir-se de noiva! Ficou linda, glamorosa, como tem de ser todas as noivas! Uau! Parecia uma princesa!
Fernanda deparou-se com uma flor de encanto e formosura que sorria para ela diante de um espelho! Seria um sonho? Era ela mesma refletida ali? Esfregou os olhos para ter certeza, beliscou-se! Era real! Que sublime estado de alegria e euforia!
Quando se preparava para sair de casa, rumo ao altar, um sobrinho muito peralta passou correndo como bolo nas mãos, diga-se de passagem que era um bolo com muito glacê, desses de casamento de antigamente, tropeçou e derrubou muito sobre o vestido! Este ficou todo engordurado e impossível. Fernanda só sentou e chorou sobre o leite derramado! Seria um mau pressagio? O dia começara tão bom! E agora... Tudo perdido! Se Fernanda pudesse, arrancaria os cabelos!
Mas tia Lediany veio acalmar-lhe os ânimos: “Que é isso, menina? Vai deixar uma bobagem destas estragar-lhe o dia?” “O mais importante é o que você é, não uma simples roupa!” “Pense que você será diferente e lembrada, um dia vai rir de tudo isso...”
Foi difícil acalmar o coração, mas aos poucos, Fernanda deu razão à tia...
O que fazer então?
“Use a roupa da viagem de lua de mel, assim já estará até pronta para a viagem...”
Que remédio? O que não tem remédio, remediado está, não é?
Eis que a marcha nupcial toca e abrem-se as portas de igreja... suspense... surge Fernanda rumo ao tapete vermelho, pasmem: de short, camisa, véu e buquê!
O espanto foi geral! Não tinha como!
Fernanda até achou graça de sua façanha! Aquele casamento realmente entraria para a história.
Houve um burburinho geral e olhares curiosos! Mas no fim das contas todos se divertiram e foi incrível! Apesar do incidente, ainda assim, foi o melhor dia da vida de Fernanda e de seu noivo Eduardo.
Ele teve a certeza de que realmente encontrara sua joia e ela era rara, única no mundo...


19) A infância de outrora, aurora da vida de Cecília.

Natalia Stephanie de Sousa      7ºA
Profª Amanda Giovanelli

Nasci em 1948, na cidade de Tatuí – SP, na Rua: Prof. Oraci Gomes.
Meu pai era doceiro, tinha uma confeitaria no quintal de minha avó. Nossas ruas eram todas de mato e pedras e não tinha muitas casas como tem hoje.
Morei em Tatuí até meus três anos de idade, depois nos mudamos para Guareí, cidadezinha próxima e minúscula. Sabe aquelas cidades que só têm uma rua principal e em cinco minutos entra-se e sai dela?! Pois então! Nesta cidadezinha, papai montou outra confeitaria no quintal de nossa casa.
Naquela época não existia tevê, máquina de lavar nem ferro elétrico, era ferro à brasa. Também não existia luz igual à de agora. A luz era gerada por um motor chamando de gerador, que era ligado às 18h e desligado às 23h. Quem quisesse luz depois das 23h, precisava ter um lampião.
Minha mãe levantava às 4h da manhã para acender o forno à lenha do quintal e fazia bolinhos de amendoim que eu vendia a partir das 6h da manhã e eu tinha apenas cinco anos! E não era só eu que trabalhava, meus amigos da escola também vendiam coisas: queijo, favo de mel, pão...
Com meus oito anos de idade, meus pais se separaram, minha mãe ficou em Guareí e meu pai e eu voltamos para a capital da música, Tatuí, na casa de minha avó.
Na minha época, as crianças não tinham muita infância, porque as crianças sem grandes condições financeiras trabalhavam para ajudar a família.
Frequentávamos a escola pela manhã, saiamos meio dia e íamos trabalhar como babás, faxineiros, vendedores, engraxates etc.
Ajudávamos em casa também e no pouco tempo que restava brincávamos de roda, joga peteca, passa anel e pega-pega.
Havia pouco tempo para ser criança, mas o pouco que tínhamos era muito, era tudo, podíamos voar, correr sobre as asas da imaginação, construir casas... Até hoje moramos nelas e ainda as construímos porque são a nossa vida.

O cheiro de minha infância? Amendoim torrado, açúcar queimado, sorvete colore, bolinho de chuva, pão quentinho saído do forno e um banho morno.

18) Recordar é viver

Ana Laura de Oliveira Sebastião            7ºA
Profª Amanda Giovanelli

Relembrar o passado é reviver, viver duas ou quantas vezes mais a mesma história.
Meu nome? Rosalina Prazer! Certamente minha vida daria um livro, destes que podem virar novela! São muitas memórias doces e amargas, suaves e apimentadas, felizes e nem tanto... mas, quem gosta de histórias tristes, amargas e ruins?! Creio que somente os masoquistas...
Enfim... Gosto de lembrar de momentos alegres de minha infância, aurora de minha vida!
Quando eu tinha dez anos, nos mudamos para uma fazenda em Itapeva, interior de São Paulo cidade próxima a que vivo hoje: Tatuí, capital da música, terra rica em frutos, terra vermelha, cidade ternura, de filhos de grandes méritos... Conhecem?
Bem, na tal fazenda, meu pai trabalhava na lavoura e minha mãe cuidava da casa e dos filhos.
Criávamos galinhas, porcos e tínhamos muita fartura e liberdade! Foi lá que frequentei a escola pela primeira vez!
Era uma escola nova e muito grande, minha professora, dona Nilda, era uma senhora de meia idade, cabelos pretos e curtos, era sempre alegre e caridosa.
Meu uniforme era destes que aparecem nas novelinhas antigas: camisa branca, saia xadrez, sapatos pretos e meias 3/4.
A nossa morada era muito longe dá escola, levantávamos antes das galinhas, mas era divertido, porque, de repente todas as crianças dos arredores sumiam! Pegávamos a estrada juntos, rumo à escola de dona Nilda!
O caminho era o melhor! Andávamos muito! Mas íamos brincando de pega-pega pela estrada, pulando corda e poças, cantando, correndo, inventando jogos... Levávamos o nosso caminho sendo crianças, brincando de construir castelos imaginários! Todos sendo reis e rainhas da imaginação! Nosso grupo era grande, éramos em mais de dez! Era até bonito de ver!
Eu tinha muitos amigos! Um milhão! Sinto falta de alguns... Hoje, com sessenta anos, me pergunto “onde estarão?” “Que caminho trilharam?”
Já vivi um bocado! Mas me lembro bem de minha infância! Um tempo bom! Daqueles que se quer relembrar, viver tantas quantas vezes se possa!

Que saber tem a minha meninice? Saudade com cheiro de terra molhada, de café com bolo, de leite tirado na hora, de risos e corridas, de história para contar.

17) Riacho grande e suas profundidades

Julia Lopes de Camargo       7ºA
Profª Amanda Giovanelli

Estas memórias se passam no ano de 1984, em São Bernardo do Campo – SP.
Era uma época em que não havia internet, as relações eram mais pessoais, ao vivo.
Época em que os adolescentes como Marcelo, protagonista desta narrativa, fazia bailinho na garagem de casa só para dançar coladinho com aquela garota especial! Os namoros eram inocentes! Davam-se mais devagar, um beijo, um abraço, aperto de mãos, andar de mãos dadas... Já servia para sonhar à noite!
Jogava – se queimada na rua, soltava-se pipa, pulava-se sela... a vida e as brincadeiras aconteciam ali, na rua de casa, reunindo-se com a galera! “Cair no poço” era uma brincadeira emocionante! Quem sabe poderia se ter sorte e cair com a menina desejada?!
Os passeios eram mais ao ar livre e em família: piqueniques, idas ao zoológico, praia, casa de parentes...
Mas vamos ao fato que mudou a vida de Marcelo, nosso herói...
Em 1984, Marcelo tinha 14 anos e, como os adolescentes da época, era muito “rueiro”. Os pais trabalhavam fora e Marcelo tinha muito tempo para ser livre e nisso, aprontava muito, frequentava lugares divertidos, saia muito e seus pais nem se davam conta...
Quase todas as tardes, Marcelo e sua turma tornavam o ônibus rumo ao bairro Riacho Grande, cerca de 15 km da residência onde morava e lá se divertia com os companheiros numa represa!
Para isto, levavam muitos apetrechos: duas boias de caminhão (câmaras de ar) cheias (imagina o transtorno que causavam aos passageiros) e, claro, o cachorro de Marcelo, Rocky.
No passeio, ninguém tinha dinheiro para a alimentação, mas Rocky era muito inteligente e treinado. Com atitudes como: buscar chinelos dentro da represa, deitar, rolar, fingir - se de morto etc. Conquistava grande público e as pessoas que faziam churrasco à beira da represa assistiam ao “espetáculo” e o alimentavam. Enquanto isso os jovens passavam fome!
Certa vez, num desses passeios furtivos, Marcelo mergulhou de cabeça e quando saiu da água, notou que havia perdido o short e estava apenas de cueca! A cueca da época tinha duas fendas de ventilação na frente, a famosa zorba.
Imagina que um adolescente iria embora nestes trajes e do ônibus?!
Que remédio! O único jeito foi ligar para a mãe vir lhe buscar!
Ao saber destas saídas clandestinas, a mãe de Marcelo tomou medidas drásticas! Pediu ao avô que tomasse conta do garoto e controlasse as saídas!

Deste dia em diante foi muito difícil aprontar de novo! O avô ficou no pé de Marcelo que nem chulé!

16) Lembrança de Criança: memórias da infância doce como cidra

João Vitor Ribeiro       7ºB
Profª Amanda Giovanelli

Lurdes de Fátima Ribeiro é meu nome de batismo. Nasci em Tatuí, interior de São Paulo em 1969.
Morei com minha mãe até certo ponto, mas passávamos maus bocados, muita necessidade e dificuldades.
Meu pai já estava em outro casamento e, para não me desamparar, levou-me para morar com ele quando eu tinha seis anos. Mas Não deu certo, eu era uma personagem de conto de fadas sofrendo nas garras da “má-drasta”!
Quando fiz doze anos minha fada madrinha em forma de irmã, Maria, resolveu tomar a minha guarda, diante dos acontecimentos e...bem...não fomos felizes para sempre...mas... ao menos passei a ter um lar melhor.
Sempre fui bem tratada e criada junto com os filhos de Maria: Eduardo, tinha sete anos na época, e Jéferson, recém-nascido.
O mais velho não gostava de mim, sentia ciúme no começo, depois ficamos muito apegados.
Eduardo aprontava muito comigo! Sempre fui meio pamonha, caia nas armadilhas com frequência e ele se divertia muito com isso!
Teve uma vez que ele resolveu me ensinar a pilotar triciclo. Adivinha? Logo me soltou na descida e eu, muito boba, acabei me esborrachando toda!
Certa vez, Maria, minha “irmãe”, fazia doce de cidra. O doce nem estava pronto e Eduardo, teimoso como só ele, insistia em querer o doce. “Coloca um pouco pra gente, mãe” “ainda não está pronto Calma!”.
Mas criança lá espera alguma coisa? Definitivamente, “esperar” não existe no dicionário “criancês”. E de tanto torrarmos a paciência, Maria encheu dois copos com a cidra pelando: “Vocês não queriam doce? Então vão comer!”.
Até duas colheradas iam, mas depois... a gente não aguentava mais! Era muito doce e quente! Passamos mal! Suamos frio para comer! E “ai” se não comesse! Porém, um anjo nos salvou! Para nossa sorte, o telefone tocou! Quando Maria foi atender, enterramos o doce no quintal bem depressa e deixamos só um fundinho no copo um dedinho, para ela pensar que tínhamos comido.
“Nossa! Vocês estavam mesmo com vontade! Querem mais um pouco?”
“Não!”
Aquele grito veio das profundezas do estômago dolorido! Maria até se assustou!
“Quer dizer... já estamos satisfeitos...”
Só sei que peguei “ARGH”! Nunca mais na minha vida comi este doce e não aguento nem olhar pra ele!
Detalhe: Maria soube de tudo há pouco tempo! Rimos muito!
Criança sofre! Passa por cada uma!
Mas sobrevive! Somos mais fortes do que sugere o nosso corpo franzino.
Já dizia um pediatra, conhecido meu “São tão resistentes quanto botas velhas!”.